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Foto: Santiago Siqueira 2025 |
Na paisagem urbana do Brasil, algumas figuras se destacam como testemunhas silenciosas do tempo. Entre elas, o velho e quase esquecido telefone público, carinhosamente apelidado de orelhão, ocupa um lugar especial. Com seu formato inconfundível que lembra uma concha acústica, o orelhão já foi um dos principais meios de comunicação nas ruas brasileiras. Hoje, porém, ele resiste apenas como um verdadeiro fóssil urbano.
Criado na década de 1970 por Chu Ming Silveira, arquiteta chinesa naturalizada brasileira, o projeto do orelhão tinha como objetivo oferecer proteção acústica ao usuário e integração ao cenário urbano. Sua forma oval, funcional e marcante, rapidamente se espalhou por todo o país, tornando-se parte do cotidiano da população.
Durante os anos 80 e 90, encontrar um orelhão era fácil. Eles estavam em praças, esquinas, calçadas movimentadas e em frente a escolas. As filas para usar o telefone eram comuns, principalmente aos domingos, quando muitos aproveitavam para ligar para familiares. O cartão telefônico substituiu as fichas metálicas e se tornou um símbolo de colecionismo.
No entanto, com o avanço tecnológico e a popularização dos telefones celulares, o orelhão foi aos poucos perdendo sua função. As operadoras começaram a desativar os aparelhos, e os espaços antes dedicados a eles foram sendo tomados por postes de fibra ótica, pontos de Wi-Fi e lixeiras.
Hoje, um orelhão como o da foto acima chama atenção não pela utilidade, mas pela memória. Pichado, depredado e muitas vezes desconectado, ele é um vestígio de um tempo em que a comunicação exigia deslocamento, espera e, acima de tudo, paciência.
Esses “fósseis urbanos” nos fazem refletir sobre a velocidade com que a tecnologia muda o espaço urbano e nossas relações sociais. Eles permanecem ali, silenciosos, como marcos de uma era que já passou – e que muitos jovens sequer conheceram.
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