"Mulheres de conforto"

As **"mulheres de conforto"** (em coreano: "위안부", *wianbu*; em japonês: "慰安婦", *ianfu*) foram mulheres, em sua esmagadora maioria coreanas, mas também chinesas, filipinas, indonésias, taiwanesas e de outras nacionalidades asiáticas, que foram forçadas à escravidão sexual pelo Exército Imperial Japonês durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e na Guerra Sino-Japonesa (1937-1945).

O termo "conforto" é um eufemismo cruel para a realidade brutal que essas mulheres enfrentaram. Elas eram, na verdade, **escravas sexuais**.

### Contexto e Funcionamento do Sistema

O sistema foi criado e administrado de forma organizada pelo governo e pelo exército japonês da época. As justificativas oficiais eram:

* **Manter a moral dos soldados:** Prover sexo para evitar motins, estupros em massa em territórios ocupados (que geravam resistência local) e conter a disseminação de doenças venéreas através de exames médicos forçados.
* **Incentivo e "recompensa"** para as tropas após batalhas.

Como funcionava:

1. **Recrutamento:** As mulheres eram recrutadas através de **rapto, coerção e fraude**. Agentes recrutadores (muitas vezes coreanos working for the Japanese) prometiam às jovens e suas famílias empregos como enfermeiras, cozinheiras ou em fábricas. Outras eram simplesmente sequestradas em suas casas ou nas ruas.
2. **Confinamento:** Elas eram levadas para os chamados **"estações de conforto"** (*comfort stations*), que eram bordéis militares localizados nas frentes de batalha e em territórios ocupados. Esses locais variavam de prédios adaptados a cabanas precárias e até mesmo cavernas.
3. **Condições de Vida:** As condições eram desumanas. As mulheres eram **estupradas repetidamente**, por dezenas de soldados por dia. Elas sofriam com fome, doenças, violência física extrema e tortura. Muitas foram mortas quando as tropas japonesas recuavam, para eliminar testemunhas.

### Escala e Nacionalidades

Estima-se que entre **50.000 e 200.000 mulheres** tenham sido escravizadas neste sistema. A maioria esmagadora (até 80%) era de **coreanas**, porque a Coreia era uma colônia japonesa na época (1910-1945), o que facilitava o recrutamento forçado. No entanto, mulheres de praticamente todos os territórios ocupados pelo Japão na Ásia foram vítimas.

### O Legado e a Luta por Justiça

Após a guerra, o tema foi suprimido por décadas devido ao trauma, vergonha e estigma social que as sobreviventes carregavam. O governo japonês também ignorou o assunto.

* **Década de 1990:** A questão veio à tona quando Kim Hak-sun, uma sobrevivente coreana, tornou-se a primeira a quebrar o silêncio e dar seu depoimento público em 1991. Isso encorajou centenas de outras sobreviventes em toda a Ásia a falarem.
* **Reivindicações:** As sobreviventes e os países envolvidos exigem do governo japonês:
    * Um **pedido de desculpas oficial e inequívoco** (muitas declarações japonesas foram consideradas insuficientes ou ambíguas).
    * **Compensação legal** (e não apenas fundos de caridade).
    * **Inclusão adequada do fato nos livros de história** educacionais do Japão.
* **Tensões Contínuas:** A relutância de alguns setores políticos e grupos nacionalistas no Japão em admitir a total responsabilidade do Estado e a natureza coerciva do sistema (chegando a alegar, de forma revisionista, que as mulheres eram "prostitutas voluntárias") continua a ser uma grande fonte de tensão diplomática entre o Japão e seus vizinhos, especialmente a Coreia do Sul.

### Resumo

Em resumo, as **"mulheres de conforto"** foram um sistema de **escravidão sexual institucionalizada e em massa** perpetrada pelo Império do Japão. Foi um crime de guerra e uma violação grave dos direitos humanos. Sua história é um lembrete trágico da violência de gênero em larga escala durante conflitos e sua luta por reconhecimento e justiça perdura até hoje.
Santiago Siqueira

Graduação em Geografia Licenciatura Plena pela Universidade Estadual de Anápolis (atual UEG) (1998), Especialização em Metodologia do Ensino Superior - UEG (2001), Mestrado em Geografia - UFSC (2012) e Doutorado em Geografia - UFSC (2018). Atualmente é professor na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, atuando nos anos finais do Ensino Fundamental como professor de Geografia. Possui interesse nos seguintes temas: Geografia Escolar; A cidade no contexto do Ensino Fundamental e currículo de Geografia.

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