Transporte público não é sua sala de estar
Hoje, mais uma vez, presenciei — e vivi — uma cena que infelizmente se repete no transporte público de Florianópolis e de tantas outras cidades. Uma passageira, absolutamente alheia às regras de convivência e respeito, resolveu que todo o ônibus precisava ouvir o que ela estava assistindo ou ouvindo no celular. Sem fones. Sem o mínimo constrangimento.
Vale lembrar: é proibido qualquer tipo de som no interior do transporte coletivo em Florianópolis. Isso não é uma sugestão, é uma regra. Está escrito, inclusive, nos avisos afixados dentro dos próprios ônibus.
Diante do incômodo — que não era só meu, mas de todos que se submetiam, silenciosamente, a mais esse desrespeito —, procurei o motorista e perguntei se aquilo era permitido. A resposta foi clara: “Não, não pode som no ônibus”.
Aparentemente, o motorista não sabia quem era a autora do incômodo, mas, com um simples gesto, apontei: “É a pessoa logo atrás de mim.” Ele então, de maneira educada, solicitou que ela desligasse o som ou usasse fones de ouvido.
E qual foi a reação? Fingiu não entender. A velha tática de quem acredita que a regra não se aplica a ela. Foi quando precisei intervir diretamente: “O motorista está pedindo para desligar o som, é proibido e está me incomodando.”
O que ouvi em resposta? A clássica frase de quem acha que o mundo gira em torno do próprio umbigo: “Ah, então compra um carro se tá incomodado.”
Pois eu respondi, com a mesma firmeza: “O transporte público não é particular. Se você quer escutar som, quem precisa comprar um carro é você, não eu.”
Desligou o som, é verdade. Mas não sem antes, meio que sussurrando, disparar um “palhaçada”. E eu só pude pensar: quem é, de fato, a palhaça nessa história?
Esse episódio, além de gerar desconforto, revela algo muito mais profundo: o quanto estamos adoecendo enquanto sociedade. Perdemos a noção do coletivo, da empatia, da convivência. Gente que acha que transporte público é extensão da própria sala, que acredita que o conforto pessoal vale mais do que o bem-estar coletivo.
O transporte público é um espaço compartilhado, e regras existem para garantir que todos possam usá-lo de forma minimamente civilizada. Quem não entende isso, talvez realmente devesse repensar seus hábitos — ou, quem sabe, comprar um carro e ouvir o que quiser dentro dele, sozinho, sem incomodar ninguém.
Respeito não é opcional. É essencial.
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