Não me chame de "Profe": o nome da profissão importa


Nos últimos anos, tornou-se comum ouvir os estudantes — e até colegas — chamarem o Professor de “Profe”. À primeira vista, parece um apelido carinhoso, um gesto de proximidade. Mas, se olharmos mais atentamente, essa forma de tratamento pode esconder algo mais profundo: a desvalorização sutil, mas constante, da profissão docente.

A redução do nome "Professor" para "Profe" pode parecer inofensiva, até simpática. Mas por que apenas os professores recebem esse tipo de apelido? Ninguém chama o advogado de “Adive”, com base na abreviação “Adv.”. Tampouco vemos o médico ser chamado de “Medi”, em referência à sigla “Méd.”. O engenheiro não virou “Engi”. A psicóloga não é “Psi”. Essa informalidade com o título de Professor não é um acaso — ela reflete uma percepção social que, há muito, se permite diminuir o espaço, o saber e o papel central do educador.

Não se trata aqui de rejeitar afeto ou proximidade com os alunos. Pelo contrário. Trata-se de resgatar a identidade profissional que deve ser reconhecida com o nome completo e legítimo da função: Professor. É esse nome que está nas atas, nas diplomas, nos concursos, nos registros formais e, mais importante, nas universidades. Nenhuma universidade forma "Profes" — elas formam Professores.

Ao abreviar o nome, corre-se o risco de abreviar também o respeito, o reconhecimento e o lugar social desse profissional. Essa prática aparentemente inocente reforça um imaginário onde o professor está sempre disponível, sempre acessível, sempre maleável, como se sua autoridade e seu saber pudessem ser moldados ao gosto de cada um. É uma forma de escamotear a responsabilidade social de valorizar, ouvir e respeitar quem se dedica à formação humana, ética, crítica e intelectual de uma sociedade inteira.

Resgatar o nome "Professor" não significa criar distâncias entre professor e aluno, e sim reconhecer a ponte que se constrói a partir do respeito mútuo. É o primeiro passo para o resgate da própria dignidade da profissão, tantas vezes desvalorizada, mal remunerada, desrespeitada e invisibilizada nos debates públicos.

Portanto, que tal começarmos por algo simples, mas poderoso? Vamos chamar o Professor pelo nome que ele carrega com esforço, estudo, dedicação e propósito. Isso não é formalidade: é valorização.


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